domingo, 19 de setembro de 2010

16º Dia. Roteiro alterado. Vamos a la playa.

Fugir do rípio nos ofereceu a alternativa de irmos pra Sao Pedro do Atacama via Arica. Pensem bem, descer dos 3600 em que estávamos (subindo pra La Paz, depois mais ainda até os 4200) para o nível do mar. E no dia seguinte, que será amanha, subirmos a 5000 e descer pro Atacama. Vai ser o teste final, se eu sobreviver a esta dura prova, nao morro mais. Num dia truta do Titicaca, no outro peixes marinhos em Arica. Nao é pra qualquer cidadao, só para os loucos. Como diz meu amigo Ventania: só para loucos, isto é só para loucos!!!!
Hoje estou muito feliz e até dormi melhor. Ontem falei com minha espôsa pela primeira vez desde que saí de casa. Quem neste mundo tem a sorte de achar a cara metade de verdade? Aquela que te dá tres filhos ótimos, compartilha seu dia a dia e ainda seus sonhos? Que te incentiva a fazer as loucura que passam pela sua cabeça, sem stress e ainda fica sem notícias verbalisadas por 15 dias e te recebe ao telefone com uma doçura incrível? Sou um cara de sorte e a vida tem me dado muito.
Repararam que melhorou o teclado? Falta só achar o til.
Mas vamos aos fatos: saìmos hoje bem cedo de Copacabana, eu só com uma xícara de leite com café, horrível por sinal, armados contra o frio atè os dentes: era balaclava, duas luvas, meia de la (onde està este maldito til?), segunda pele, forros nas calças e jaqueta, gola de la e manoplas aquecidas. Mesmo assim o frio pegou bonito. A estrada pra La Paz è uma coisa de doido de tao linda, vai sepenteando subindo e descendo, sempre margeando o Titicaca (que se mostra cada vez maior, impressionante) até chegar a uma pequena localidade onde precisamos atravessar uma balsa muito punk e seguir até La Paz. Atravessar La Paz é tarefa impossível de descrever. O transito é tao caótico que eu o descreveria assim: imagine a cidade de Sao Paulo com todos os motoristas meio bêbados e os pedestres completamente embriagados, munidos de 10 buzinas cada motorista e 10 sacolas pra cada pedestre. Pois é mais ou menos isto. Os caras atravessam a rua no meio dos carros sem olhar para os lados, as mulheres com aqueles trajes típicos e as grandes sacolas nas costas, com seus passinhos apressados, se metem entre milhares de vans e uns carroes invocados, todos devidamente apertando sem parar suas buzinas. As vans param no meio da rua pra descer ou subir passageiros e nem aì pros outros atras. Mudam de faixa sem aviso e viram esquinas sem sinalizar e náo batem, se entendem muito bem. Conseguimos achar o caminho. Ufa!!!!! Depois disso a estrada fica monótona, feia, com vilas muito pobres e asfalto irregular. Longas retas e curvas quase retas e nada de combustível. Aí tivemos que apelar pra um maluco que vende gasolina numa casinha na beirada da pista. O produto dele è branco como água, mas nos levou pra fora dali. Jà era uma da tarde e a fome apertando. Paramos numa vendinha num daqueles pueblos e pedimos päo. Veio um  páo táo feio e duro que tivemos que pedir um refrigerante pra empurrar aquela gororoba goela abaixo. Pedimos queijo e a mulher trouxe um queijo do tamanho de um prato de sobremesa e dois dedos de altura, de origem super duvidosa, o qual comemos com avidez. As coisas aqui säo muito baratas, o dinheiro (boliviano) nada vale, demos umas moedas pros garotos que adoram os nossos jogadores, batemos papo com outros moleques que estavam por ali e demos linha na pipa.
Chegamos finalmente à Aduana Chilena. Foi a primeira que fez as coisas com honestidade, dos papéis pessoais, ingresso do veículo até a geral na bagagem, afinal estavamos saindo da Bolívia! hahahaha. Lá no Pantanal, conversando com um velho dono da Pousada aonde ficamos, ele me fez colher umas semente de uma árvore muito legal que havia alí. Pois náo é que o mardito raio X da aduana mostros as sementes? Veio o federal com cara estranha e me disse: -Abra esta mala grande. Abri imediatamente e ele deu uma olhada por cima, voltou à tela do raio X, veio novamente e botou a máo exatamente onde as sementes estavam. Pegou e me perguntou: -Que es esto? Säo provavelmente pequenas esculturas incas, falei. Ele abriu e eram as sementes. A minha cara foi lá no poráo. Pedi desculpas pelo engano, dizendo que poderia olhar o resto e ele falou que náo, estava interessado sò naquilo. Contei entáo o caso das sementes e ele falou que eu náo poderia passar com o produto. Me fez declarar que a mercadoria estava sendo apreendida e me liberou na boa. Ufa! Ainda bem que foi só um susto. Quando se está longe de casa, em um país de lingua estranha (e como falam rápido estes chilenos) temos que ser sempre simpáticos e solícitos com os "da lei", porque só eles podem fazer chover por aqui. Sou velho o suficiente pra ter este jogo de cintura.
O vento estava ferrado lá na Aduana e eu pensei que dali pra frente teríamos uma descida (de 4000 para o nivel do mar) meio conturbada, mas que nada, foi mamäo com açúcar. Curvas e mais curvas, vistas de tirar o fölego, e aquele pico nevado que adornada a aduana ganhou companhia e atè neve nos barrancos. As fotos como sempre estáo quase todas nas máquinas dos amigos, väo aparecer no album que virá. Repentinamente em menos de 150 km, caímos de 3800 metros pra zero. O ouvido zumbia, queria entupir (velho tem estas coisas hahahahahaha) mas um bocejo trazia tudo à normalidade. As vistas sáo deslumbrantes e surpreendentes. Um grande trecho desta descida é por um deserto, sem absolutamente nenhuma vegetaçäo, com alguns pequenos vales fèrteis.
Arica é uma cidade linda e o Chile (quem conhece sabe) é parecido com o Brasil, e perto do Perú e Bolívia, pode ser considerado primeiro mundo. Logo perto do trevo, eu vinha na frente com o Antônio e o Raposo, e resolvi parar antes da rotatória pra esperar os que vinham mais atras. Parei no meio de um comando da Polìcia Caminera. O "seu guarda" veio  conversar e ficamos logo amigos, o Antônio com seu belo espanhol näo fez feio e quando os amigos chegaram estavamos rindo e quase amigos íntimos. Muito educados e receptivos os chilenos.
Chegamos em Arica lá pelas 19 horas, nos hospedamos, jantamos e agora estou aqui blogando.
Väo algumas fotos:

As balsas pra atravessar um braço do Titicaca.


Todos vestidos tipicamente no cotidiano. Interessante. Fiz um filme de uma chola andando pra mostrar pra voces.´Isto é incrível. Aguardem.....


Balsinha bem conservada né?, range mais que botina nova.


Depois de La Paz, num abastecimento de emergência, Mano Quietinho dá um showzinho pra galera.


Tomamos um desses Pomelo aí. Náo é fácil engulir esta josta.
Aqui na Bolívia nem coca se vende gelada. Só assim como na foto.


Retas sem fim já perto  da   divisa Bolìvia Chile.


Pico nevado lindäo.


Último abastecimento. Depois desse, só em Arica. Olha o nevado là no fundo.


Na aduana, muitos caminhöes, vento e picos nevados.


Aquele là atras já está no Chile. Olha nós descarregando as magrelas pra "geral".


Entrando no Chile. A Bolívia que me perdoe, mas "tô fora".


Pense em centenas de curvas, precipícios e vistas como esta a cada segundo.


Dá pra ver o soriso satisfeito da Tina, que deve estar pensando: Brigado véio, mesmo eu   com  as cadeiras quebradas você me trouxe aqui!!!

Passarinhos andinos, mansos que só....


Tô na Lua ou em um filme de western?



Bom minha gente, causos eu tenho vários a cada dia, náo conto todos porque iriam me chamar de mentiroso e eu ficaria P da vida. hahahahahahaha. Tem o caso do bando de Harleyros que nos acompanhou muiiiitos km, tem as lhamas transportadas no alto do bagageiro de uma vam, tem o caso das cholas agachamdo pra fazer xixi no  meio da rua (descobrimos porque usam aqueles saiöes),e muitos outros, alguns impublicáveis, mas pessoalmente contarei todos, sob pena de ser processado.
Agora vou dormir, que amanhä saímos bem cedo pro Atacama. Se eu conseguir me manter vivo (vamos de zero a 5000 metros amanhä) à noite estarei aqui contando os fatos.

Obrigado aos que nos tem acompanhado e deixado seus comentários. Leio todos, e nos fortalecemos com eles. Senti a falta do comentário do Mano Zé Luiz, mas ele deve escrever algo logo.
Beijos em todos e atè amanhä.